Neuronios e base bioquimica de um APAIXONADO
Autora Convidada: Michelle Almeida da Paz
Neurônios
e base bioquímica
de um APAIXONADO
Desde
sempre, a paixão é evocada por poetas, estudada por neurocientistas e apreciada
pela psicanálise, possui diversas definições e tentativas de explicação. Mas o
fato é que o sentimento compartilhado pelos apaixonados não segue um paradigma
e, mesmo assim, está presente em todas as culturas e provoca uma reação
fisiológica semelhante em todos que se dizem apaixonados.
Será que existe uma razão para se
apaixonar?
Pensando
pela biologia evolutiva cujo verdadeiro sentido é a variabilidade genética, não
seria mais sensato o ser humano não possuir vínculo amoroso com a progenitora
dos seus filhos? Só assim, poderia ter mais filhos com pessoas diferentes, o
que aumentaria a gama genética de seus descendentes, acrescentando chances de
serem geradas proles mais fortes e, portanto, com maiores probabilidades de
sobrevida, não é mesmo?
Todavia,
porque a paixão provoca uma ligação emocional muito grande entre as pessoas, primitivamente,
o homem apaixonado exerceria seu papel de proteger sua prole com a pessoa amada
e, a mulher, a de gerar mais descendentes daquele que ama, garantindo a
segurança e perpetuação da espécie.
Assim,
apaixonar-se ou amar alguém tem certo fundamento biológico. A paixão provoca um
turbilhão de reações bioquímicas no cérebro, diversos hormônios e
neurotransmissores encontrando seus respectivos receptores para, enfim, serem
geradas todas aquelas alterações fisiológicas e emocionais conhecidas por todo
apaixonado.
Será que estamos todos à mercê de
substâncias químicas e suas influências em nosso organismo?
Sabe-se
que o olfato é o sentido mais intrigante e primitivo que existe. Devido a isso,
aos animais foi criado um mecanismo que analisa inconscientemente se ele deve
ou não gastar suas energias para investir na conquista de alguém da sua
espécie. São os famosos feromônios que são substâncias químicas liberadas pelos
organismos e, em mamíferos, detectados pelo órgão vomeronasal situado na
cavidade nasal e que são importantes na verificação de compatibilidade genética
e imunológica entre os indivíduos.
O
sistema límbico também tem importância nesse processo amoroso. Ele é filogeneticamente
muito antigo e considerado centro das emoções. Nele, o hipotálamo ganha
destaque por despertar o desencadeamento de transmissão de mensagens que
culmina em reações fisiológicas.
O
hipotálamo produz dois hormônios que são armazenados e liberados pela hipófise
posterior para a corrente sanguínea, quando enviada a mensagem: ocitocina e
vasopressina. Ambos estão elevados quando se está apaixonado. A ocitocina é
conhecida como droga do amor e, responsável pela escolha monogâmica, ela é o
hormônio de ligação, capaz de fazer a pessoa que se ama ser considerada única e
insubstituível. A vasopressina, como o próprio nome diz, aumenta a pressão
sanguínea, que dilata os vasos na pele, provocando o rubor e o aumento da
temperatura corporal.
As
áreas do cérebro ativas de um apaixonado são as mesmas ativadas por drogas
ilícitas, os padrões de neurotransmissores também são identificados com
similaridade. Isso explica que em períodos de separação da pessoa amada, o
apaixonado sente abstinência.
O
mais simples neurotransmissor, a feniletilamina pode ser liberada com um
simples aperto de mão ou uma troca de olhares, potencializando o Sistema
Nervoso Central e minimizando um outro neurotransmissor, a dopamina, o que gera
um feedback positivo, ou seja, mais dopamina sendo liberada. A dopamina é
aquela relacionada com um circuito de recompensa, quando presente, provoca
felicidade e euforia de estar com a pessoa amada.
As
catecolaminas (noradrenalina e adrenalina) também estão em níveis altos em uma
pessoa apaixonada. A Noradrenalina, também estimulada pela feniletilamina,
provoca taquicardia, aquele coração acelerado típico da paixão, aumento da
frequência respiratória e tremor muscular. A Adrenalina é aquela responsável
pelas noites sem dormir e a falta de apetite, pois atua na inibição do sono e
fome.
A
serotonina é um neurotransmissor que está com os níveis mais baixos na euforia
da paixão, deixando o indivíduo compulsivo pelo
companheiro e mais suscetível à depressão. Isso explica porque algumas pessoas
entram em um estado depressivo quando rompe um relacionamento amoroso.
A Constante briga cérebro x coração, ou
então, razão x emoção:
Por mais racionais que sejamos, ainda somos escravos de
nossas emoções, nós, primatas humanos, possuímos áreas neocorticais que
permitem uma maior racionalização (em termos), pois o “... o neocórtex está
montado no sistema límbico como um cavaleiro sobre um cavalo sem rédeas”.
Portanto, passamos por todos os sintomas da paixão sempre
que necessário e sem reclamar, pois, apesar dos prejuízos, somos preparados
para nos sentirmos apaixonados por um período auto-limitado, entre 18 e 30
meses, depois disso surge o Amor... Mas isso já é outra história.
Michelle Almeida da
Paz
Sempre pensei que os sentimentos, apesar de serem "emoções" reais, na verdade são apenas consequências de ações das substâncias que estão no cérebro. Isso explica o poder que uma droga (lícita ou não) pode causar a um ser humano
ResponderExcluirMas é possível fazer uma pessoa se "apaixonar" falsamente por outra apenas com o uso de um perfume? Caso a resposta for positiva, isso é só um exemplo de que somos mais seres controlados do que controladores
Ótimo post Michelle =)
Olá, Ricardo. Que bom que gostou do texto. =)
ResponderExcluirMuito pertinente sua pergunta, faz-me questionar o poder de atração dos perfumes que dizem vir com “feromônios”. Já ouviu falar sobre eles?
As grandes empresas farmacêuticas e de cosméticos, que garantem produzir feromônios sintéticos em laboratórios com sucesso, esperam que haja sim a possibilidade de uma pessoa se “"apaixonar" falsamente por outra”.
Um estudo feito em 1995 propôs a mulheres que cheirassem camisetas suadas por homens e e escolhessem aquelas que mais as atraíam. Resultado: as mulheres escolheram as camisetas cujos sistemas imunológicos fossem mais diferentes dos seus. Refletindo em uma capacidade animal de ter um sistema baseado no cheiro que evita acasalamento entre irmãos.
O que sugere que não é apenas o feromônio característico do sexo masculino que as atraíam, mas a combinação entre este e os caracteres dos genes transmitidos pelo odor. Mesmo assim, existem outras formas de atração, como: características visuais, conversa, charme e, talvez, o principal: o potencial de escolha do ser humano.
Nunca esqueçamos que temos um córtex pré-frontal especializado em planejar, tomar decisões e adotar estratégias de acordo com nossa personalidade.
Michelle.